RISCO DE MORTE SÚBITA CARDÍACA E EFEITOS ADVERSOS CARDIOVASCULARES ASSOCIADOS AO USO DE ANTIDEPRESSIVOS
Artigo
Introdução: O tratamento da depressão / transtorno depressivo necessita de agentes terapêuticos eficazes, bem tolerados e com baixa taxa de complicações e eventos adversos. Entretanto, alguns antidepressivos (AD) têm sido associados a risco aumentado de morte súbita cardíaca (MSC) e eventos adversos gerais e cardiovasculares, importantes na prática clínica diária.
Objetivo: Levantar os possíveis eventos adversos cardiovasculares e risco de MSC associados ao uso de AD em pacientes adultos. Adicionalmente, investigar os efeitos adversos gerais, os mecanismos de ação e principais interações medicamentosas de risco com os AD e orientações para monitoramento / manejo clínico otimizado dos pacientes.
Metodologia: Revisão integrativa visando, a partir da literatura científica, coletar informações referentes aos objetivos desta revisão nos principais bancos de dados: PubMed; Lilacs; Google Acadêmico; Ministério da Saúde do Brasil. Os critérios de seleção foram: artigos de meta-análise, revisão sistemática, revisão, diretrizes, consensos e estudos observacionais (estudos de coorte, caso-controle ou estudos transversais) e estudos de controle randomizados, publicados entre os anos de 2010 até abril de 2023.
Resultados: Foram selecionadas 173 publicações que permitiram verificar que os pacientes com alto risco para o desenvolvimento de eventos adversos cardiovasculares associados ao uso de AD são: idosos; fatores de risco cardiovascular preexistentes; portadores de comorbidades (principalmente doença arterial coronariana aguda e/ou crônica, insuficiência cardíaca e insuficiência renal); metabolizadores pobres / lentos do CYP450; história prévia de arritmias ventriculares ou síncope; portadores de canalopatias; história familiar de síndrome do QT longo, morte súbita, diabetes mellitus e hipertensão arterial; polifarmácia; uso AD em doses elevadas; anormalidades eletrolíticas (por exemplo: hipocalemia, hipomagnesemia etc.). Estudos demonstraram que os inibidores seletivos de recaptação de serotonina apresentaram risco relativo de MSC de 2,39 (IC95% 1,20-4,80) enquanto os AD tricíclicos, risco variando de 1,69 (IC95% 1,14-2,50) a 4,37 (IC95% 1,23-15,60). Sintetizamos as informações dos riscos em tabelas e quadros com as recomendações dos principais estudos e diretrizes quanto ao manejo clínico, monitoramento e abordagem dos eventos adversos.
Conclusão: Embora a utilização de AD apresente efeitos adversos gerais e cardiovasculares reconhecidos, seus riscos não devem privar os pacientes da terapia apropriada quanto aos distúrbios psiquiátricos, inclusive nos portadores de doenças cardiovasculares. Os dados de literatura disponíveis permitem adotar triagem dos pacientes que necessitam do uso de AD, o monitoramento do tratamento e adoção de medidas preventivas efetivas para redução de risco de possíveis de complicações.