HOME OFFICE: LOCAL DE TRABALHO, ERGONOMIA E SAÚDE MENTAL
Artigo
Existem diferenças sutis entre o termo Home Office (HO) e trabalhar desde sua própria casa, visto que o HO deveria ser uma extensão da empresa onde um trabalhador executa seu serviço com toda a preparação técnica, disponibilidade de equipamentos, cuidados com o bem estar físico e mental e qualidade de vida. Com a pandemia do Coronavírus, muitas empresas não tiveram tempo hábil para criar procedimentos com tais cuidados e repentinamente nos vimos em processo de adaptação emergencial, algo como fazer uma manutenção técnica de uma aeronave no ar durante o percurso de um voo. Assim sendo, o termo Home Office acabou sendo adotado genericamente para todo trabalho feito em casa, de forma remota e na maioria dos casos sem muitos protocolos formais. Dentro deste cenário, o HO em tese beneficia os trabalhadores com ganho de tempo de deslocamento e transporte, além de uma expectativa de sobra de tempo para investir em estudos, praticar esportes, mais lazer junto a familiares e amigos e menos aglomerações em locais públicos. Empresas também se beneficiam ao reduzirem gastos com energia elétrica, alocação de espaço físico, estacionamento, etc. Entretanto, várias mudanças exigem adaptação com o novo cenário, cuidado com a saúde física, disciplina e boa postura corporal, além de atenção especial para enfrentar os desafios que possam impactar a saúde mental do trabalhador. Qual importância foi dada pela escolha de um local adequado de trabalho em casa? Qual a preocupação dos entrevistados com a ergonomia? Quais os impactos causados na saúde mental? Tais questionamentos motivaram o estudo, cujo objetivo foi apresentar possíveis tendências e resultados de uma pesquisa realizada de modo online com 40 trabalhadores brasileiros, de diferentes faixas etárias, cargos, gêneros e que praticam o HO por distintas quantidades de tempo, períodos e com experiências diferenciadas no assunto. O desenvolvimento do trabalho exigiu alinhamento entre conceitos teóricos para a preparação do questionário prático, de modo que se tornou possível uma formulação adequada de perguntas e embasamento para o tipo de respostas coletadas das pessoas que praticam HO. Ideias de alguns autores são apresentadas em um fichamento, primeiramente trazendo boas práticas em um caso de sucesso, passando pelos conceitos de local de trabalho e ergonomia e finalizando com uma abordagem aos impactos com a saúde mental para os praticantes do trabalho em Home Office, principalmente em tempos de Covid-19. A metodologia utilizada com perguntas fechadas, elaboradas no idioma Português-Brasil, do tipo objetivas, totalizando a quantidade de 10 perguntas quantitativas, voltadas somente para praticantes de Home Office. Respostas também do tipo alternativas para perguntas que permitiram apenas uma resposta enquanto outras perguntas exigiram pelo menos uma ou mais respostas válidas previamente disponíveis para múltipla escolha. A estrutura do questionário foi preparada para que os resultados obtidos fossem quantificados e expressos em números, percentuais e servissem como fonte de tabelas e gráficos para análise dos resultados. O questionário demandou a publicação online das perguntas e coleta das respostas para tabulação e análise dos resultados, avaliando: O perfil dos entrevistados; A faixa etária e tempo de experiência em Home Office; Detalhes do local de trabalho escolhido para Home Office; Cuidados que estão sendo tomados com relação à saúde física, referentes à ergonomia e à postura corporal; Preocupações para com a prevenção de doenças ocupacionais; Impactos na saúde mental, bem como alterações na rotina de quem trabalha em Home Office; A exigência por mais empatia, autoconhecimento e acordos com a família. Para a maioria dos entrevistados, as pessoas foram tiradas se sua zona de conforto, apesar de estarem em suas próprias casas. Percebe-se baixa importância para com o local escolhido a se fazer o Home Office, pois quase ninguém se preocupou em estar em um ambiente que estimule a criatividade, fator crucial para atuar no mundo VUCA. Certo descaso apresentado com relação à ergonomia e postura corporal em quase todas as respostas obtidas. Prevenção de doenças ocupacionais está aquém de bons indicadores. A saúde mental e a rotina para o Home Office estão ainda em fase de alta adaptação e exigirão revisão constante de conceitos e práticas em curto espaço de tempo.