RAÇA E COR NA SALA DE AULA
Artigo
Este estudo sobre as relações raciais no ambiente escolar estabelece e reflexão sobre o negro e sua cultura nesse espaço. A cultura Afro-descendente, quando tratada no âmbito escolar, se remete de forma caricaturada a expor somente o folclore relativo a esse grupo. A defesa pela inserção da cultura Afro na escola ainda hoje esbarra no preconceito e numa crença de superioridade da cultura branca. Falar de Cultura Afro em uma sala de aula remete a mostrar como esse povo vive, seus costumes, seu cotidiano, suas influencias em nosso cotidiano, sua religião e toda riqueza de sua musica, dança, comida, arte, literatura, belezas naturais seus grandes homens e mulheres, suas lutas, vitórias e derrotas. Dando um destaque principal a Cultura Afro-brasileira regionalizada, já que no extremo Sul da Bahia essas características e costumes são tão fortes e presentes em nosso cotidiano.
1- Relações Raciais no Espaço Escolar Questões ligadas ao racismo pela etnia do sujeito sempre foram temas de grande repercussão fora e dentro de espaço escolar. Mas na realidade o discurso produzido nas instituições educacionais pode ser utilizado como a primeira prova capaz de comprovar que as relações raciais no espaço escolar são excludentes. Dessa forma percebemos que existem inúmeras falhas relacionadas à construção das relações raciais dentro da escolar. Um dos pontos mais culminantes se inicia no próprio livro didático que são oferecidos pelo governo às escolas públicas durante o ano letivo. Tendo a figura do negro sempre sido representada como um povo sofredor, que aceitou pacificamente seu destino de ser escravo e que nunca se revoltando contra essa injustiça praticada contra seu povo. Na maioria das vezes os autores caracterizam no negro a imagem de um homem fraco e pacato, que nunca lutou pela sua liberdade, lembrado que a história é sempre contada pela visão do ‘vencedor ou dominante’. Não queremos construir um discurso relacionado apenas à representação do negro no Brasil e sim mencionar todos os grupos que ao longo da história da educação vem sofrendo preconceito e descriminação. Por fim, percebemos que a educação deve se responsabilizar também pela formação de um espaço escolar menos excludente, que beneficie a formação de uma sociedade menos preconceituosa, racista e individualista. 2- Relações raciais nas series iniciais: o educador como mediador É possível para um educador compreender que a escola é um espaço de mediação decisivo entre o ser humano e a sociedade que o cerca. Sob o ponto de vista de que tudo que se desenvolve no ambiente escolar influencia, mesmo que indiretamente o sujeito, isto, posteriormente trará reflexos para o contexto social no qual está inserido. Nesse sentido, uma vertente fortemente perceptível dentro do espaço escolar são as relações que se estabelecem sejam de ordem interpessoal, de gênero, de hierarquia, dentre outras, estas orientam o comportamento a ser adotado pelo individuo frente às diversas situações enfrentadas. Em ocorrência de frustrações negativas em uma dessas relações certamente trará conseqüências irreversíveis à integridade psicológica desse sujeito, o que muitas vezes refletirá por toda sua vida social. E a falta de projetos com caráter educacional, relacionada à temática nos anos iniciais, agravam essa problemática, pois a formação da personalidade do sujeito é construída principalmente durante o período de sua infância. O que pretendemos aqui é levantar inquietações aos educadores, que estão inseridos e comprometidos com o ato de educar não só formalmente o aluno, mas formá-lo para uma vida em sociedade, não atendendo somente as exigências do capitalismo, no entanto, exigências da preservação da dignidade e igualdade humana, assumindo uma postura atuante e consciente não só respaldo constitucional, mas por sermos, sobretudo seres humanos, raça universal. Portanto, a educação e a pedagogia, para o ensino e aprendizagem em massa e seriado, característico das sociedades industrializadas, procurando moldar e formar desde criança o ‘cidadão’, para as relações produtivas e consumistas nada tem de semelhante com as formas de acesso simbólico, ao saber e conhecimento, enfim as relações de socialização das comunidades africano-brasileiras (LUZ, 1996, p. 44). Assim, as relações raciais existentes no espaço escolar, principalmente nas series iniciais, são marcadas por conflitos cujo fundamento é frágil e preconceituoso, e extraído especificadamente de um discurso socialmente construído, oriundo do ambiente familiar e/ou religioso e reforçado na escola. Por consequência, o trabalho do pedagogo deve possuir um olhar múltiplo precisa atuar decisivamente diante de questões que evidenciam vestígios dessa ordem, porque ainda se percebe é uma educação embranquecedora, que hipocritamente encobre as relações desumanas existentes que tenta igualar e padronizar simbolicamente as diferenças. 2- As relações raciais nas escolas do Sul da Bahia A Bahia apresenta uma estimativa de 4.734.567 alunos (INEP, INTERNET, 2007), onde segundo o MEC “os números demonstram que 46,25% dos alunos são pardos, 41,43% brancos, 9,9% negros, 1,55% amarelos e 0,87% indígenas” (INTERNET, 2005). Essa estimativa mostra a dificuldade da população de assumir como negros ou como afro-descendente, pois ainda é reproduzido um estigma de inferioridade com relação aos negros e afro-descendente, e a escola ainda se encontra como um dos reprodutores desse estereotipo. A Lei nº 10.639, que foi sancionada em 2003, delibera a inclusão da Cultura e História Afro-brasileira no Currículo real das instituições pública e particular, do ensino Fundamental e Médio, é uma vitória conseguida com muitos anos de luta, entretanto, ainda é pouco efetivada nas práticas reais da sala de aula. A Cultura Afro sempre foi marginalizada, mas com essa Lei ela começou a adentrar nas escolar por meio oficial, contudo, a religião Afro ainda continua sendo um dos aspecto mais criticado e discriminado como assunto corrente nas escolas. No decorrer do processo educacional Tradicional aborda-se o Catolicismo, o Protestantismo e tantas outras religiões já incluídas no currículo da escola, como parte fundamental da História da humanidade e são aceitas e usadas como referencias. Também podemos questionar a falta de material que fale da história do negro após a abolição da escravatura, e por conseguinte a história desse povo no decorrer dos séculos na região Sul da Bahia. O que aconteceu com esse grupo social após a Abolição da Escravatura e como se manteve econômica e socialmente com a chegada dos imigrantes no Brasil. Podemos identificar o desconhecimento da população estudantil e não-estudantil das Comunidades Remanescentes dos Quilombos e de Afros-descendentes do Sul da Bahia. Por fim, esse debate nos traz bases não só para discutir, mas também para lutar por direitos e corrigir injustiças históricas. Portanto, percebemos que o homem não é respeitado na sua essência e sim pelo que ele representa. Quando um educador representa na escola a imagem do negro como povo sofredor e inferior subjetivamente ele produz no imaginário do sujeito um sentimento de rejeição. Referencia: INEP. 3.15-Número de Estabelecimentos e Matrículas no Ensino Médio por Tamanho do Estabelecimento (Número de Matrículas), segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação, em 30/5/2007. In.:INEP. 2007. Disponível em: . Acesso em: 05 set. 2009. LUZ, Marcos Aurélio. Racismo, cidadania e a legislação da tradição africano-brasileira. In: LUZ, Narcimária Correia do Patrocínio (Org.). Pluralidade Cultural e Educação. Salvador: SEC/SECNEB/CES, 1996. p. 35-48. Pesquisa do MEC aborda questões de raça e cor. In: Història net: a nossa historia. 25/10/2005. Disponível em: . Acesso em: 15 set. 2009.